quarta-feira, 10 de junho de 2009

O Nelson que o Nelsinho não quer ser

Nelsinho Piquet em foto sem crédito

Gosto de assistir às corridas de Fórmula 1. Não sou um daqueles aficionados, mas acompanho. Isso se deve muito pelas vitórias que os pilotos brasileiros conquistaram ao longo das últimas décadas, especialmente o Ayrton Senna. Cresci vendo os brazucas estourarem champagne nas manhãs de domingo. O campeonato, este ano, está interessante e estranho. As equipes que sempre estiveram na ponta, como a Ferrari e a McLaren, estão penando para marcar seus pontinhos. A coisa chata é que já tem um piloto pintando como provável campeão, o britânico Jenson Button (não, ele não é parente do Benjamin Button) e isso sem nem termos chegado à metade da competição.

Uma das coisas que está chamando a atenção este ano é a saga do estreante Nelson Ângelo Piquet, o Nelsinho Piquet. Definitivamente, o guri não está se dando bem, apesar de correr por uma das principais equipes do chamado circo, a Renault. Até aí, tudo bem, chegar ao estágio de competir nessa categoria é para poucos, e ter sucesso, então, é para menos ainda. O problema é que a situação do rapaz extrapola as pistas. Como todos sabemos, ele é filho do tri-campeão mundial Nelson Piquet. O Piquet nunca foi nem nunca fez muita questão de ser, uma pessoa simpática. Mas é um nome respeitadíssimo na história desse esporte e um cara inteligente.

Porém, parece que o Piquet não está se dando conta de que seu filho não nasceu pra ser um grande piloto, quiçá um campeão como ele. Como diz minha mulher, ela sim uma entusiasmada pela Fórmula 1, está na cara que o guri não gosta do que faz. Ou no mínimo não gosta de ter a obrigação de tentar ser um “novo Piquet”. Não gosta, não consegue e não vai ser. E o pior, está prestes a perder seu lugar na equipe atual, talvez até um lugar na própria categoria. Fico imaginando a pressão que ele vemsofrendo. Acredito que, inicialmente, o Nelsinho queria, sim, correr pela F-1. Claro, muita grana, muita fama, tudo parecia estar ao alcance das suas mãos, naturalmente, via sobrenome. E também, é bom que eu diga, pelo relativo sucesso que ele teve nas categorias “de entrada” da Fórmula 1. Porém, agora que ele está vendo que a coisa não é bem assim, acredito que esteja querendo mais é sumir dali. Porque ele não só já viu que nunca será um “novo Piquet”, como também já deve saber que corre o sério risco de ficar marcado para sempre como um mau piloto. À medida que ele vai tendo seguidos insucessos nas provas, mais ele se arrisca e mais exposto ao erro fica.

Ser filho de um pai famoso e vencedor, vencedor no sentido competitivo mesmo, como é o caso do Nelsinho Piquet, não é tarefa fácil. Principalmente quando o filho tenta se dar bem na mesma atividade em que o pai brilhou. Claro, o sobrenome abre portas, sem dúvida abre, mas também traz consigo uma carga muito grande de expectativa, de cobranças, de pressão. O risco da promessa virar uma decepção está sempre presente. Espero que esse moço encontre seu próprio caminho, coisa que, no fundo, é o que todos procuramos por aqui, seguirmos pelo caminho que escolhemos seguir, e da melhor forma possível.

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